Onde quer que os pais ou figuras afetivas importantes para as crianças estejam,
certamente carregarão consigo, em seus corações e suas mentes, essas mesmas crianças. O contrário também é correto afirmarmos: onde quer que nossas crianças estejam, levam consigo a marca que nós, adultos significativos em sua formação, deixamos em suas vidas. Assim são as famílias na vida de cada um de nós, “pequenos ou grandes”: nos marcam, nos formam, nos acompanham, nos ajudam a ser, a escolher... (LACAN, 1981).
Entendamos aqui FAMÍLIA não somente como aquela originária, embrionária, parental... Família aqui é sinônimo de laços afetivos, dentro e fora de nossos lares: a família do trabalho, da escola, faculdade, do clube, amigos... Família extensa, que vai nos ajudando a nos constituir enquanto tal: seres humanos! (SHAPIRO, 1966)
Então, guardemos isso: nossas famílias nos marcam. Mesmo Jesus Cristo, nos Evangelhos, já nos aponta isso: leiamos Lc 5,10 (onde Tiago e João são referendados em Zebedeu, enquanto seus filhos), Mt 1, 1-24 (onde é dada toda a genealogia de Jesus, marcando que Ele é fruto de uma família, Maria e José) e Mt 16,17 (Feliz és tu, Simão Pedro, filho de Jonas... O próprio Jesus aqui distingue Pedro enquanto filho de um pai específico, de uma família determinada, o que o distingue de qualquer outro Pedro).
Assim, todos somos frutos de nossas famílias, trazendo conosco a marca delas.
José Saramago (1995), grande escritor português, ilustra isso para nós ao dizer: Família é como varíola: a gente tem na infância e marca a gente pra vida toda.
Agora, vejamos uma pequena historinha, para guardarmos bem essa idéia (porque as historinhas, como aquelas muitas que ouvimos na infância, tendem a ficar gravadas em nós e nos auxiliar a pensar e compreender a realidade!):
História para pensar...
Era uma vez uma carangueja orgulhosa, que punha defeito em todos os animais. Quantas vezes riu-se do jeitão do sapo e de outros bichos desengonçados! Na sua presunção, julgava-se a mais elegante da bicharada. Acontece que um dia ela teve uma cria. E, ao ver seus filhotes darem os primeiros passos, disse horrorizada:
- Deus do céu, criançada, isso é jeito de andar? Que coisa feia! Onde vocês aprenderam isso?
Então os caranguejinhos responderam:
- Mas como nós poderíamos ser diferentes de nossa família? (CHECHINATO, 1983)
Tudo isso foi só uma preparação para o que desejamos explorar a seguir: nosso tema é VALORES HUMANOS, enquanto marca familiar, educacional.
Educar deriva do latim educare que significa revelar o que está dentro, ajudar no surgimento das habilidades e potencialidades, dos dons de cada pessoa. Cada ser humano, junto com o conhecimento das ciências, deve também adquirir humildade, disciplina e bom caráter, ou seja, deve saber e ser. Deve ter consciência de si, do outro, do nós e de que tudo que existe está inter-relacionado (TIBA, I. 2002).
Nossos pequenos só serão educados se nós os educarmos e, mais do que isso, se nós nos educarmos, nos deixarmos educar nos valores humanos da:
VERDADE, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SER DITO;
RETIDÃO, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SER PRATICADO;
PAZ, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE PREENCHER NOSSA MENTE;
AMOR, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SE EXPANDIR DENTRO DE NÓS;
NÃO-VIOLÊNCIA, ENQUANTO AQUILO QUE DEVEMOS SER PLENAMENTE...
...E isso está totalmente em consonância com um anseio humano e cristão profundo: a PAZ. Se tivermos essa prática de educação calcada nestes valores fundamentais gravada em nós e a exercitarmos, estaremos sendo felizes e promovendo a felicidade dos que nos cercam, já que estaremos sendo fiéis ao que Jesus nos aponta no Sermão da Montanha: Bem-aventurados (felizes) aqueles que promovem a paz (Mt 5,9). Sim, somos todos e todas, filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs!!!
A verdadeira meta do ser humano é adquirir o conhecimento interior. O caminho para atingi-la é o amor incondicional. Amor é verdade, retidão. O universo se originou do amor de Deus. Toda a criação é sinal de amor; seus filhos também são sinais do amor de vocês, pais, avós... Nada haveria sem amor. Por isso, todo ser humano é essencialmente bom, divino. Mesmo o mais desvirtuado, desregrado, aquele com o qual a gente não sabe o que fazer, mesmo esse é vítima das circunstâncias ou fraquezas, mas ainda assim nele há uma chama divina.
Nós nos acostumamos a relacionar o termo "ser humano" ao que é falho, defeituoso: "Sou humano, tenho meus defeitos..." ou "Errar é humano!" passou a ser justificativa para tudo. Mas não deveria, pois ser humano é possuir a essência divina e é a perda disso de vista que traz o caos ao mundo, quando nos esquecemos que Deus habita em nós e nos outros.
E é por existirem, dentro de nós, inúmeras qualidades e virtudes que devemos, desde cedo, fortalecê-las, cultivá-las e valorizá-las. O resultado será um ser humano excelente. Você duvida? Pois bem: se alguém lhe mostrar uma semente escura e feia dizendo que dentro dela há uma bela e perfumada flor, você acreditará, pois você sabe que da semente, cultivada em terra fértil, com cuidados, nasce a planta que produz a flor.
Mas, e se eu disser que dentro de você – e de cada um de nós, e de nossas crianças – existe uma semente que, por mais imperfeita que possa parecer, dela nascerá uma excelente pessoa? Muitos duvidariam! Pois bem, é só providenciarmos o terreno fértil e dispensarmos cuidado!
( Fonte: Psicóloga Patrícia B. Rodriguês - Valores Humanos )
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