quarta-feira, 6 de maio de 2009

O QUE REALMENTE É VÁLIDO NA HORA DE AVALIAR???

A ortografia não é tudo.
(Hélio Consolaro* )


Recebi e-mail de mãe preocupada com os textos produzidos por seu filho. Como deve ser problema de muitos pais, reproduzo aqui a pergunta dela e minha resposta, sem mencionar nomes.

"Preocupa-me o fato de meu filho escrever com muitos erros. Ele já leu alguns livros de Harry Potter e outros, incluindo Monteiro Lobato, e constrói um texto bom, concatenado, claro. No entanto, apresenta muitos erros de grafia, trocando "ç" por "ss", "s" por "z", mesmo nas palavras mais usadas no cotidiano.

Fui à escola, que é particular. A coordenadora e a professora me disseram que o método é esse, que é moderno e que não devo me preocupar, pois expressar a idéia é mais importante do que acertar a grafia. E disseram que escrever com grafia correta vem com o tempo. Racionalmente chego a concordar, mas no fundo fica a dúvida: será?

Se não me preocupo e estou errada, talvez seja difícil corrigir depois. Já percebi que, quando ele percebe que eu e meu marido falamos de seus erros de grafia, não fica à vontade. Tenho medo de que ele associe o ato de escrever com algo desagradável, e comece a ficar traumatizado. Acho que devo ignorar os erros e estimulá-lo a escrever mais, mas ainda tenho medo de estar errando.

Você pode me ajudar, dando uma opinião sobre isso?"

Resposta: A professora e a coordenada têm razão. A memorização ortográfica vem com o tempo, com a maturidade, pois o processo de alfabetização é longo, percorre todo o ensino fundamental, mas é importante o acompanhamento constante dos pais, sem pressão, ir corrigindo, mostrando o certo, copiar um texto curto todo dia. Sem fazer tempestade em copo d'água. E se ele gosta de ler, o problema será de fácil solução.

Todos têm dúvidas ortográficas na hora de escrever, até um professor de Português. Pedir a ele que consulte sempre o dicionário, ensinar-lhe procurar palavras nele, sem perder a paciência, são algumas alternativas.

Por que cópia? As crianças na escola preenchem mais lacunas, e como ele apresenta dificuldade na ortografia, ela pode suprir a falha. A cópia é um exercício mecânico, às vezes, ele não vai gostar de fazê-la. Não o force. Não crie nele trauma, tornando o ato de escrever um sacrifício.

Invente um pretexto: "Copie essa receita de bolo para mamãe!" ou "Papai precisa deste texto lá no serviço". Pode ser no computador, nem que a digitação seja feita no estilo cata-milho.

Já tive alunos assim, hoje escrevem bem e são ótimos profissionais. Nada de dogmatismo, deve-se agir com compreensão, a ortografia é uma parte da língua escrita, não é tudo.

* Hélio Consolaro é cronista da Folha da Região (Araçatuba-SP), coordenador deste site, professor de Português do Ensino Médio, autor de três livros, membro da Academia Araçatubense de Letras.


Observação: Concordo plenamente com Hélio Consolaro, pois o que importa é que o aluno escreva,exponha seus pensamentos,opinando,argumentando,criticando e sendo formador de opinião,tornando-se um ser crítico e pensante. Um ser que saiba se posicionar sobre qualquer assunto, mesmo com erros ortográficos.

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